Crianças,
Como vocês devem saber à essa altura, a vida é repleta de acontecimentos totalmente imprevisíveis - existem poucos eventos que temos a capacidade de prever: o término do meu relacionamento de 3 anos e meio era um desses poucos. Mesmo tendo consciência de que pessoas terminam namoros até mais longos que esse período, 3 anos não deixa de ser algo significativo. Nós passamos muito tempo juntos, nos falávamos todos os dias desde o "bom dia" ao "boa noite", escutávamos um ao outro desabafar, dividíamos as mágoas e compartilhávamos as conquistas - da forma clichê que qualquer casal faz (ou, pelo menos, deveria). Ambos passaram por mudanças com o passar do tempo - amadurecemos e acompanhamos diversas fases um do outro. Até que o fim veio: repentino e ao mesmo tempo, premeditado. Não desejado e ao mesmo tempo, inevitável. Nesse próximo mês, iremos completar 6 meses separados. Confesso que doeu no começo, depois senti uma espécie de alívio por estar só. Poderia aproveitar minha própria companhia, ter um tempo apenas para mim: descobrir quem eu era realmente, o que eu queria para a minha vida - minhas metas, propósitos, sonhos e valores.
Apesar de ter aproveitado esses momentos de lucidez e otimismo, atualmente, ando tendo algumas recaídas - choro repentino, sensação de vazio, lembranças do relacionamento e vontade de estar com alguém. Não alguém específico, apenas alguém.
Isso me fez pensar o quanto o ser humano consegue tolerar pouco a sua própria companhia. Ele cansa rapidamente de si e sente anseio de cravar outrem com as próprias mãos, afim de esquecer quem é - ou com medo de descobrir quem realmente é. Faz apenas 6 meses. Sei que ainda não estou pronta para um novo relacionamento após o turbilhão de emoções que fora o término e o relacionamento como um todo; mas ainda assim, desejo amar. Me apaixonar. Como a alma de um poeta anseia pela dor, pelo vida boêmia, pela melancolia. A alma de um romântico incurável enxerga no outro o seu único remédio; o único antídoto que pode salva-lo da dor de ser quem é. Da dor de ser.
Não irei terminar esse texto de forma otimista como a maioria dos meus escritos. Não há uma mensagem por trás da história. Apenas alguém que está perdido no mundo, completamente corroído pela ausência de alguém que ela nem sabe quem é - talvez ela ainda nem tenha o conhecido. Apenas me cabe à ausência do sentimento que nos surge no peito quando nos sentimos amados por alguém. O ser humano busca amor como a vida busca a morte: Inconscientemente e fatalmente.
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